No âmbito do Prémio Internacional Terras sem Sombra, atribuído anualmente a personalidades e projetos que se evidenciam pelo seu mérito, o Jardim Botânico Grandvaux Barbosa, em Cabo Verde, foi distinguido numa cerimónia decorrida em Portugal.
A vila de Campo Maior, no Alentejo, acolheu a 30 de novembro, a sessão de atribuição da nona edição do Prémio Internacional Terras sem Sombra. Uma cerimónia onde o Jardim Botânico de Cabo Verde (Biodiversidade), a par da intérprete de Flamenco, Carmen Linares (Música) e do arquiteto João de Almeida (Património) foram os distinguidos.
No elogio ao trabalho empreendido em torno do Jardim Botânico Grandvaux Barbosa, criado em 1986, na Ilha de Santiago, subiu ao palco do Centro Cultural de Campo Maior, o embaixador da República de Cabo Verde em Portugal, Eurico Correia Monteiro. O diplomata agradeceu a distinção atribuída pelo Prémio Internacional Terras sem Sombra, àquela valência, sublinhando a “tarefa árdua de fazer vingar no clima árido do arquipélago, num solo rochoso e despido, um Jardim que é para a população um motivo de orgulho, para a comunidade científica um estímulo e para os visitantes uma surpresa”.
À margem da cerimónia de atribuição dos prémios, Ângela Moreno, Presidente do Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento Agrário de Cabo Verde (INIDA), referiu “o desafio grande que tem sido manter, desde 1986, o Jardim. Aquando da sua instalação, considerou-se que seria um sonho, num país tão árido. Desde o início, conta com uma equipa dedicada que ali trabalha com amor”.
Sobre o património natural, apontou a responsável que “as plantas existentes no Jardim, muitas delas endémicas, estão identificadas e cuidadas. Uma grande riqueza para Cabo Verde”.
A propósito do futuro, Ângela Moreno salientou um “projeto de 22 mil contos para ampliar o Jardim que conta atualmente com 10 mil metros quadrados e fazer dele um espaço de ecoturismo de excelência. Estamos a construir um centro interpretativo para que os turistas conheçam aquilo que vão encontrar no terreno”.
Acrescente-se que o Jardim Botânico de Cabo Verde, com mais de 60 espécies, nasceu da ideia de um cooperante português, o biólogo Gilberto Cardoso de Matos, que lecionou a disciplina de Biodiversidade na Escola Superior de Educação de Cabo Verde. Um jardim com a missão de obter e aclimatizar uma coleção de plantas endémicas e outras do território, para fins científicos e de visitação.
Ainda sobre a cerimónia de atribuição do Prémio Internacional Terras sem Sombra, refira-se que reuniu mais de uma centena de convidados, assim como representantes da autarquia campomaiorense, da organização do Festival e dos restantes premiados.
De caráter itinerante, o Festival Terras sem Sombra coloca a tónica na descentralização cultural, na formação de novos públicos e na projeção do Alentejo enquanto destino privilegiado de arte e natureza, ao mesmo tempo que assume a vocação ibérica e exalta a cooperação transfronteiriça.